Os dias correm assustadores. Via hoje um mapa todo pintado de vermelho com exceção de Portugal. Tratava-se da disseminação do coronavírus na Europa.
Corpo do artigo
Protegidos, para já, da infeção os portugueses vão andando com um olho nas notícias, oscilando entre a óbvia razão para preocupação e a esperança de escapar ilesos.
Quanto à pandemia não me parece clara a preparação exaustiva e, muito menos, o cabal conhecimento generalizado do que deve ser feito. Mas, faço voto de confiança no sistema.
Quanto aos efeitos económicos do que está a acontecer na China e em Itália, por exemplo, aí já não restam quaisquer dúvidas. Mesmo que no final tudo se reduza a uma megagripe, os efeitos das sucessivas quarentenas atingir-nos-ão com a força de um tsunami.
No entanto, ninguém diz nada.
Sim, não valerá a pena carregar nas tintas e forçar já o receio desmesurado. Mas também não serve esconder a cabeça na areia.
Eu, por mim, ficava mais segura se ouvisse um discurso prudente mas objetivo do que nos pode acontecer. E não será difícil. Conhecemos o nosso tecido industrial, o destino das nossas exportações e o nosso incoming turístico. Podemos estimar com fiabilidade o impacto no fornecimento de matérias-primas, no volume de vendas ou nos fluxos de entrada dos nossos visitantes.
Sim, concordo que dá medo. Mas tal como ficamos mais confortáveis com um stock disponível de camas para infetados, também, seguramente, preferiríamos ter um plano B para as nossas contas. Para profilaxia interna e ação externa.
Por exemplo, talvez fosse mais importante, nesta fase, lutar pela flexibilização das tipologias elegíveis no atual e próximo Quadro Comunitário de Apoio do que insistir (apenas) na manutenção rigorosa do envelope financeiro.
Em vez de andar distraído com o perfil mais ou menos apolíneo de Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional, talvez o PSD de Rui Rio pudesse avançar algumas contas.
Ou estamos à espera que seja o Chega a pedir um Orçamento Retificativo?
*Analista financeira