É uma falência moral e social ser motivo de contestação uma prestação social de solidariedade entregue a uma população extremamente desfavorecida. Usar pobreza como arma de arremesso retórico é a manifestação da miséria política, o sinal do desespero pelo poder, o símbolo de uma ganância sem escrúpulos por votos.
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Sabe o leitor qual foi o valor médio mensal atribuído a um beneficiário do rendimento social de inserção em setembro? Apenas 119,02 euros. Segundo a Segurança Social, em setembro, foram 211 992 os que receberam este apoio paupérrimo. Isto é: 2% da população portuguesa. É inconcebível que um partido sério como o PSD ande preocupado com uma ajuda que vale 0,14% do PIB nacional de 2019. Em Portugal, 20% da população está abaixo do limiar da pobreza e somos um dos países mais desiguais da União Europeia. Portanto, na verdade o que é preciso é aumentar, alargar e melhorar o RSI para impedir abusos e ajudar quem realmente precisa. E ter menos complacência com outros gastos bem mais chocantes, como os negócios ruinosos que a elite financeira nos deixou para pagar. Disto, nem Rio nem Ventura falam. Porque é mais fácil bater nos pobres e dar a mão aos ricos.
*Jornalista