Corpo do artigo
Cavaco Silva faz questão de ser homem de poucas palavras. Ainda bem. Portugal agradece. Ninguém aguentaria o ex-presidente a perorar frequentemente sobre as intermitências das coisas que piam, que perdem o pio ou que fingem que estão a piar. Cavaco quis fazer uma intervenção política para mostrar que está vivo e acabou a provar que está politicamente morto. E ainda conseguiu, com a deselegância habitual, insultar Marcelo, sem sequer ter a coragem de o nomear, declarando que a "palavra presidencial deve ser rara" e criticando a "verborreia frenética dos políticos" que não dizem "nada de relevante". Já para explicar como é que ele, um professor de Finanças, não estranhou que o seu amigo Oliveira e Costa lhe tenha vendido a 1 euro e comprado depois a 2,4 euros ações da SLN, não disse nada de relevante. Não ficou registada palavra relevante, na sua intervenção, para explicar as queixas que fez, nos anos de crise brutal, sobre a sua parca pensão de 10 mil euros. E pouco disse de relevante para esclarecer porque garantiu publicamente a solidez do BES, dias antes da derrocada. Mas concordo com Cavaco: para se falar assim como falou esta semana, mais vale estar-se calado.
JORNALISTA