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Em mensagem à cerimónia de celebração dos 47 anos da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), que ocorreu no passado mês de novembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou a necessidade de uma reflexão sobre cinco urgências:
1ª. - a água, como preocupação e estratégia de médio e longo prazo;
2ª. - a floresta, olhando para uma aparente redução de investimento;
3ª. - o Plano Estratégico de Política Agrícola Comum, que, além das Confederações, deve envolver os agricultores, obreiros do seu sucesso;
4ª. - os Fundos Comunitários, atempada e criteriosamente utilizados;
5ª. - o papel insubstituível do Ministério da Agricultura, dotado de peso político, influência e identificação com as aspirações de quantos dão vida à agricultura, à silvicultura e à pecuária.
Estas cinco urgências identificadas pelo Presidente da República são cinco críticas diretas ao Governo. A reivindicação de peso político para o Ministério da Agricultura só pode ser vista à luz da falta de peso político da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.
Veja-se a descoordenação política do Governo pelo facto da colocação das Direções Regionais de Agricultura sob a alçada das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional ter sido defendida pela ministra da Coesão, Ana Abrunhosa. Mais uma humilhação para a ministra da Agricultura!
Com esta mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa coloca-se ao lado da CAP na contestação ao Governo, pelo esvaziamento do Ministério da Agricultura, de que também é exemplo a decisão da passagem da silvicultura e dos animais de companhia para o ministério do Ambiente.
No início deste ano, o primeiro ministro António Costa escreveu uma carta aberta ao mundo rural, onde afirma que a agricultura sempre foi uma das prioridades dos seus governos. Na altura, escrevi um artigo em que contestava esta visão. Porque retirou peso político ao Ministério da Agricultura ao distribuir a gestão política do mundo rural por três Ministérios: Agricultura, Ambiente e Coesão Territorial; porque não fez a reforma florestal; porque aumentou a burocracia das candidaturas a apoios do PDR 2020; porque muitas candidaturas aprovadas de jovens agricultores nunca foram financiadas. Agora o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa vem dar-me razão!
*Analista agrícola