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Quando o único gesto hostil é disparar uma câmara fotográfica e se paga a heroicidade com a vida, o Mundo não pode ficar calado, não se pode limitar a críticas pífias. Os jornalistas, os poucos, que ainda estão em Gaza merecem mesmo o estatuto de mártires. São os únicos que nos vão fazendo chegar a verdade para lá do muro de propaganda que envolve a guerra na Palestina. Mariam Abu Dagga, fotojornalista assassinada esta semana, é uma dessas mártires. A sua objetiva, que captou a dor para lá do imaginável de mães desesperadas com os filhos desesperados feridos no hospital, calou-se. Mariam mostrou corredores de sangue, testemunhou quão feia, quão dorida, quão inqualificável pode ser a guerra para um povo cercado pelo sofrimento dos pés à cabeça. Pediu aos colegas para não chorarem e ao filho de 13 anos que a deixasse orgulhosa.