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A estratégia concertada de António Costa e Mário Centeno para o programa de estabilidade há dias apresentado tem tanto de surpreendente quanto de acertada. Politicamente, este é o caminho que tira argumentos ao PSD e que permite ao PS a sedução ao eleitorado do Centro, matando a "geringonça". Costa costuma ser hábil. Aqui, está a ser inteligente.
Ao apostar num acréscimo de redução do défice orçamental e na diminuição acentuada da dívida pública, manifestando, em simultâneo, indisponibilidade para ceder a medidas eleitoralistas, o ministro das Finanças mais não faz do que seguir a política do "bom aluno". O também presidente do Eurogrupo torna-se portanto no mais feroz ortodoxo do equilíbrio das contas públicas, desiludindo parte do PS e os partidos da franja da Esquerda que apoiam o Governo.
Enquanto Centeno faz de "polícia mau", o primeiro-ministro tentará, no seu estilo cordial e próximo, encarnar o "polícia bom" e encontrará algum espaço na inflexibilidade das finanças para uma ou outra medida de cariz social e, como tal, simpática aos olhos do eleitorado.
A lógica do "bom aluno" não deixa de ser irónica, na medida em que a prioridade dada à saúde orçamental esteve sempre entre as principais críticas da Esquerda aos governos de centro-direita e, designadamente, ao Governo de Passos Coelho. O que diria um PS na Oposição do programa de estabilidade proposto por Mário Centeno... Por outro lado, esta aposta numa maior redução do défice e da dívida choca de frente com o paradigma do despesismo e descontrolo das governações socialistas, que atingiu o seu esplendor com José Sócrates.
A linha da política financeira e orçamental de Costa e Centeno é correta, defende os interesses do país e deve ser apoiada. Pelo menos, por pessoas responsáveis e de bom senso. Sendo que esse é outro problema: o PSD fica sem discurso e sem argumentos. É conhecida a seriedade e a rigidez de posições de Rui Rio em matéria de finanças públicas. Pelo que o PSD, mesmo que possa acrescentar nuances ou discordar de pormenores, só pode apoiar o programa de estabilidade. E Rio, tão preocupado em combater o espírito de bloco central, perde mais um fator de diferenciação face ao PS. Em 2018 e para o eleitor comum, Mário Centeno podia chamar-se Vítor Gaspar. E ter o apoio da generalidade do eleitorado moderado, do PS ao CDS. Costa sabe disso. E investe nisso.
D. António Francisco dos Santos - os presidentes das câmaras do Porto e de Gaia anunciaram a construção de uma nova ponte sobre o Douro, a sétima entre as duas cidades. É um projeto da maior importância para a mobilidade na região e o espírito empreendedor da iniciativa merece aplauso. Como o merece a escolha do nome do antigo bispo do Porto para a batizar.
EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO