<p>E as más notícias continuam: nas Previsões de Outono ontem divulgadas, a Comissão Europeia prevê que Portugal cresça 1,3 por cento este ano (bem bom, apesar de tudo!), mas que entrará em recessão em 2001, com uma contracção da riqueza produzida em um por cento. </p>
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A estimativa é mais pessimista do que a do Governo (nas previsões da Primavera, Bruxelas esperava um crescimento da economia portuguesa de 0,5 por cento este ano e de 0,7 no em 2001). Confrontado com os números, o ministro da Economia apressou-se a garantir que nada descarrilará, uma vez que o Orçamento para 2011 está feito com muito cuidado.
Facto nada despiciendo: o mesmo documento revela que todas as economias europeias conseguirão sair da recessão no próximo ano, com excepção da portuguesa e da grega. Quer dizer: o fosso em relação aos nossos parceiros comunitários aumentará, para nosso azar e desespero. Na Alemanha, por exemplo, é aguardado um crescimento de 2,25 por cento no próximo ano, contra os 3,5 por cento previstos para este ano (que inveja!). Por cá, e ainda segundo a Comissão Europeia, o desemprego subirá para mais de 11%.
Por estas e por muitas outras é que muita gente (na qual me incluo) duvida bastante da possibilidade de chegarmos ao final de 2011 com o défice nos almejados 4,6%. Por estas e por muitas outras é que muita gente (na qual também me incluo) acha que, no final do primeiro trimestre do novo ano que está aí à porta, teremos que pedir ajuda, para pôr a coisa em termos diplomáticos... Por estas e por muitas outras é que muita gente (na qual me incluo) vislumbra uma crise política lá para Maio...
Mas também é por estas e por muitas outras que, entretanto, não devemos ficar parados à espera que o caos nos caía na cabeça, com maior ou menor intensidade, consoante a nossa capacidade de resistência económica.
No último fim-de-semana, o Banco Alimentar Contra a Fome conseguiu recolher o valor mais alto de sempre de alimentos destinados aos mais desfavorecidos. E, como pode comprovar-se pela leitura das páginas seis e sete desta edição, a rede de apoio aos sem-abrigo do Porto conseguiu, em apenas ano e meio, dar um tecto a 1528 pessoas. A eficácia do programa está mesmo a fazer com que sem-abrigo de outras cidades se dirijam para o Porto, para tentarem beneficiar deste extraordinário trabalho.
É o que nos resta fazer. Para que, afinal, nem tudo sejam más notícias.