Desta vez a geografia toma o nome do TEXAS. Já lá vão as séries dos cowboys, dos tiroteios e acertos de contas para defesa da honra. Do Bonança a tantos outros que habitam a memória. Mas no final eram apenas filmes em que, por regra, venciam os bons.
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Nos últimos tempos os tiroteios que nos chegam dos EUA matam de verdade, e saem vencidos os inocentes... tenho bem presentes as conferências de imprensa, os diretos da Casa Branca para assistirmos à condenação dos vil acontecimentos, à oração pelos mortos e seus familiares e à "milésima" promessa de refletir profundamente sobre o dossier das armas e do acesso civil ao armamento. Tenho bem presentes rostos de presidentes americanos em lágrimas... totalmente impotentes perante aritméticas de votações do Senado e ou do Congresso. Um braço de ferro que já contabiliza demasiados inocentes mortos à queima-roupa sem dó nem piedade. Para ferir ainda mais o nosso sentir, essa impotência que partilhamos, muitos desses gatilhos são apertados por jovens... onde errei? Onde erramos? Em que estamos a falhar?
Se levantar os olhos para o horizonte testemunho muito outros mártires inocentes, seja na Ucrânia ou em tantas outras geografias onde o dia a dia é conjugado com o flagelo da guerra. Se elevar os olhos ao céu... Meu Deus, tantos mártires inocentes que tombam não só a disparos de armas... mas sou eu, somos nós, que impotentes, permitimos que outros gatilhos disparem...
Até quando como Fraternidade Universal permitiremos esta matança de todos os dias? Estes meninos e meninas, estes jovens tinham futuro, tinham sonhos, tinham projetos... Pai Santo acolhe-os, mima-os... quanto a mim, a nós. Perdoa-nos.
*Bispo auxiliar de Lisboa