Uma empresa informou as redações que durante os próximos cinco meses vai dar um cabaz alimentar aos trabalhadores. Na imagem a ilustrar a medida: arroz, massa, leite, azeite, óleo, salsichas, sal e uma caixa de cereais. Pareceu-me uma medida de caridadezinha. Saírem assim os funcionários porta fora ao final do mês com uma caixa de comida da empresa soou-me a esmola. Não que alguém se importe com a dádiva, claro está que tudo o que for para ajudar é bem-vindo, tomara a tantos terem essa ajuda, mas fiquei a pensar porque não aumentavam eles os salários. As empresas não são obrigadas a pagar mal e podem ajudar a combater a inflação com salários mais dignos. Não precisam de o fazer com dois quilos de massa e de arroz. Acontece também que, imaginemos, se o cabaz corresponder a 100 euros, e se a empresa aumentasse um trabalhador nesse valor, teria de gastar o dobro, isto porque o Estado vinha arrecadar a sua parte do aumento. A tributação dos rendimentos é demasiado pesada e se uma empresa aumenta o salário, no final do dia quem fica a esfregar as mãos é o Estado, que fica gordo com o seu belo quinhão desse aumento, e não o arrecada em salsichas.
*Jornalista

