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Não vou escrever sobre a tragédia financeira da Caixa, já conhecida em parte por quem acompanha a atualidade, que foi oficializada em relatório esta semana. Milhares de milhões de euros a circular por uns poucos sem controlo e milhares de tostões a sobrar para muitos mais, disfarçados por tijolos, esquecidos e empurrados - largados - por mãos conscientes.
Escrevo antes sobre esses bairros onde o Estado não mora nem entra, ou sobre o Alentejo, onde a saúde não chega, e sobre Trás-os-Montes, onde as fragas altas são pretexto baixo para impedir portugueses de ter os direitos que os impostos que pagam lhes deviam garantir.
Eles também pagaram a deriva financeira. As derivas financeiras. Foram muitas. Escrevo sobre todos os que vivem para lá dos muros que ninguém reconhece ver e que se levantam, um tijolo de cada vez para tornar Portugal numa ilusão matemática, o país onde o dinheiro nos é subtraído e aparece somado ao bolso de uns, onde o dinheiro se multiplica e faz crescer as divisões.
Jornalista