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Como reação à minha crónica da semana passada, tive acesso aos seguintes dados (fonte oficial):
1. As poupanças obtidas com a negociação das parcerias público--privadas são iguais a 288 milhões de euros por ano, durante 25 anos; equivalem a 720 euros por cada português;
2. As poupanças não afetaram condições de segurança nem de qualidade, apenas conforto (número de carrinhas de assistência, número de postos de manutenção, número de câmaras frigoríficas para animais mortos, etc...);
3. A rendibilidade dos acionistas foi afetada em mais de 1,5 mil milhões de euros;
4. As estradas nacionais são auditadas todos os anos pelo método sueco e mantêm-se no mesmo nível de qualidade;
5. Portugal tem a maior qualidade de estradas de toda a Europa (2.ª no Mundo) avaliada pelo World Economic Forum (2014) entre 143 países;
6. Os acidentes subiram em todo o lado mas as vítimas mortais em 2014 subiram mas nas travessias urbanas; nas estradas nacionais, estima-se que tenham descido de novo;
São dados inequívocos sobre a qualidade da negociação e sobre a qualidade das estradas nacionais, como inequívoca é a falta de fundamento que, afinal, tinha a minha suspeição.
E, no entanto, como dizia Galileu "ela move-se...". Ou seja, continuo preocupada.
Sendo reconfortante saber que nada de essencial foi posto em risco pelo processo de negociação, e que é possível continuar a assegurar um correto processo de manutenção das estradas nacionais, não poderá, apesar de tudo, deixar de se verificar que a decisão de portajar a grande maioria das nossas autoestradas levou a uma sobrecarga de tráfego na restante rede viária.
E se a rede nacional não coloca, afinal, problemas, a municipal seguramente que sim. E os autarcas não têm como fazer financiar estas despesas no atual pacote de fundos comunitários.
É perceção empírica, mas recolhida todos os dias pelo menos nesta Região Norte que palmilho amiúde.
Por isso, e com todas as cautelas de quem observa atentamente, mas que como todos os portugueses não tem informação nem fácil, nem clara, nem frequente, atrevo-me a insistir que há um problema, que pode ser fatal para muitos e que talvez valesse a pena prestar--lhe atenção.
Se a rede nacional de estradas não coloca, afinal, problemas, a municipal seguramente que sim. E os autarcas não têm como fazer financiar estas despesas no atual pacote de fundos comunitários