Gasolina e gasóleo vão custar menos uns cêntimos por litro na próxima semana e é provável que essa tendência se mantenha nos próximos meses. A razão direta é simples: o preço do petróleo caiu cerca de 40 por cento nos últimos seis meses e atinge o nível mais baixo dos últimos quatro anos.
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São boas notícias para países como Portugal, que não produzem esse combustível fóssil, mas péssimas para aqueles cujos orçamentos dependem da sua exploração intensiva, casos da Venezuela e de Angola.
Apontam-se duas explicações comezinhas para esta queda que alivia a Europa mas que deixa em pânico a generalidade dos países produtores.
Por um lado, haverá menos procura por parte de grandes potências como a Alemanha, o Japão ou a China, cujas economias revelam abrandamento. Ou seja, com menos atividade económica, há menos consumo e procura por petróleo.
Por outro lado, os grandes investimentos americanos na exploração do gás de xisto estão a diminuir fortemente a dependência do petróleo.
Com estes dois fatores conjugados, a queda do preço do petróleo prenuncia, à escala global, uma transferência maciça de riqueza dos produtores para os importadores, cujo impacto geopolítico é imprevisível.
Ora, se o preço do petróleo cai em 40%, como se explica que nenhum de nós sinta que essa queda se reflita, em igual medida, no preço que pagamos pelos combustíveis que consumimos?
As gasolineiras invocam várias razões, desde a logística da refinação aos custos da distribuição. A mais evidente, porém, é a razão do (nosso) Estado. É que praticamente metade do que pagamos por cada litro de combustíveis vai para impostos.
A carga fiscal representa 55% do preço final, no caso da gasolina, e 46%, no caso do gasóleo. Ou seja, a queda no preço do petróleo só tem efeito em cerca de metade do preço final dos combustíveis.
O peso dos impostos no preço final tem vindo a crescer na última década e vai mesmo aumentar, já em janeiro, com a introdução da chamada "fiscalidade verde.
Até lá, atestar com gasóleo um depósito de 50 litros custa-nos, hoje, menos 10 euros que no início do ano. É, apesar de tudo, uma das boas notícias desta quadra pré-natalícia. Valha-nos isso!