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Uma das prioridades do Orçamento do Estado para 2024 é “melhor futuro”. Porém, este eixo de ação parece não se aplicar aos jovens e, por consequência, no garante de melhor futuro para o País. As medidas apresentadas são avulsas e pontuais, paliativas e globalmente insuficientes. São muito aquém do que é preciso para evitar a sangria de talento para o exterior, porque não há resposta para os problemas estruturais: o desemprego jovem, os baixos salários, a precariedade que perdura, a incapacidade de aceder à habitação e a dependência de suporte parental.
O Governo presenteia-nos com a devolução do valor das propinas por cada ano de trabalho em Portugal. Feitas as contas, 697€ de apoio anual permitem a um jovem pagar um mês de renda. Não há comparação possível se, lá fora, os salários são três a quatro vezes superiores, permitem suportar as despesas com habitação, poupar e viver, no sentido pleno da palavra.
Em Portugal, quase três em cada quatro jovens auferem menos de 950 euros líquidos por mês. Há uma proporção significativa com o salário mínimo – 34% dos jovens até aos 25 anos e 26% entre os 25 e 29 anos.
Ora, os benefícios do IRS jovem – até aos 26 anos – chegam a poucos e não dão a estabilidade, nem a previsibilidade que reclamamos. Assim, não conseguimos planear o presente, nem tão pouco o futuro.
Os jovens não precisam de prendas antecipadas, férias em pousadas ou viagens turísticas. Queremos garantias para ficar cá, sob pena de a viagem ser de ida para o estrangeiro e sem volta, a menos que seja para férias.
Os jovens querem melhor futuro, mas que este se concretize no nosso País. Caso contrário, procurarão o futuro além-fronteiras.