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Um país não pode viver só de memórias mas de ambição de futuro. Sendo a memória passado vivido e, muitas vezes sofrido, é dessa vivência no tempo e nos factos que se faz a história dum povo e a estrutura dorsal da cultura de um país. Portugal, pequeno território físico hoje, tem no corpo e na alma uma dimensão histórica e um passado “criador de mundos” de que nos devemos orgulhar, mas responsabiliza naquilo que ambicionamos. Passado e História são motivo de honra e orgulho, tem de ser também de aventura e desejo de futuro. Isto acontece com o país e o povo no seu todo e com cidades, como o nosso Porto. Cidade burguesa, liberal e republicana, povo arrojado e destemido, sempre enfrentou os desafios com coragem, foi “república urbana antes da nacionalidade” e tem pela frente interrogações a que não pode deixar de responder. Procurar a retoma do “equilíbrio urbano em perda” é um essencial, não por si só mas em parceria com Área Metropolitana real, Grande Porto e outra teórica que abarca territórios a sul até Arouca. O tempo do “Porto e a foz ao lado” já lá vai, a metrópole envolvente foi “sugando” população que não volta, o perfil económico e social da rede urbana alterou-se, o turismo veio dar ajuda económica mas “começa a incomodar” e a Câmara, no seu pensamento urbanístico de futuro, não tem soluções capazes. Ao nível do comércio tradicional em perda, da gestão habitacional em mutação, do trânsito, do reequilíbrio social da urbe e da sua personalidade própria. Tudo isto é futuro e todos os políticos portuenses, não só o Senhor Presidente da Câmara, precisam de pensar a sério no assunto.