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Quem, tendo filhos menores, não fica preocupado com as horas infindáveis que eles passam nas redes sociais a assimilar sabe lá o quê? Quem já não foi surpreendido por estes estarem a ser bombardeados por conteúdos nocivos e até viciantes? Perante as variadas queixas, já há diferentes instituições a tomarem iniciativas legais e judiciais para com as empresas responsáveis pelas redes sociais que, devido ao malfadado algoritmo, podem estar a causar comportamentos viciantes. Não foi por acaso que a Comissão Europeia acabou de abrir um processo de sanções contra o TikTok por falta de transparência e por não proteger os menores de conteúdos nocivos e práticas viciantes. E se a investigação demonstrar que violou a Lei dos Serviços Digitais da União Europeia, a plataforma de origem chinesa pode ser multada no equivalente a 6% do seu volume de negócios global.
Não é caso único. Recentemente o Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, também processou o TikTok, a Meta (Facebook e Instagram), Snap e YouTube, por alimentarem a crise de saúde mental dos jovens, bem como o impacto que tal tem na saúde pública. Segundo a queixa apresentada, estas redes sociais usam algoritmos cujo objetivo expresso é criar dependência, exatamente como fez a indústria do tabaco ao colocar certos aditivos nos cigarros.
Há já vários estudos que chegam à conclusão que o uso das redes sociais explica o aumento de transtornos como estados de ansiedade, dependência e episódios depressivos, que em alguns casos graves podem levar ao suicídio. Mas há mais: o vício destas redes tem influência negativa no desempenho escolar e até na perda de habilidades sociais. Perante esta situação, há que elogiar as escolas que proíbem o uso de telemóvel nas salas de aula, mas também os pais que monitorizam tanto o consumo como a sobre-exposição dos menores. Exemplo mais flagrante são os “Sephora Kids”, crianças pequenas que aparecem em vídeos a promover produtos de cosmética quando se sabe que, por exemplo, para abrir uma conta no TikTok ou no Instagram é necessário ter pelo menos 13 anos. No entanto, tal não impediu o surgimento de uma geração de “mini-influenciadores” dedicados a promover produtos de beleza.
Em setembro, a União aplicou uma multa de 345 milhões de euros ao TikTok por violar a diretiva de proteção de dados e, no ano passado, multou o Instagram em outros 405 milhões pelo tratamento indevido de informações pessoais de crianças e adolescentes. Mas será que vai lá com multas?

