A minha simpatia pela monarquia está abaixo de zero. O único momento em que me senti tocada por essa elite de raízes celestiais foi na morte da princesa Diana, também a primeira transmissão televisiva a que me lembro de assistir durante mais horas seguidas.
Fora isso, nem os escândalos me arrepiam um pelo. Parece-me tudo tão ultrapassado como as alcatifas, tão ostensivo como os reis de países africanos com casas de banho em ouro, e crianças a correr por um bocado de pão. Talvez se tivesse vivido na época dos reis acabasse com uma grilheta, mas a opulência deste sábado dourado nas terras de Sua Majestade deixam-me um sabor agridoce na boca. Nesse Reino Unido de ouro grassam desigualdades crescentes, barreiras que afogam desfavorecidos ali ao largo, perto da França, onde a monarquia caiu e é agora História. Um trono a menos.
*Jornalista

