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O Plano para a Saúde Mental no Ensino Superior ainda não saiu do papel. Um mês após o arranque de um novo ano letivo, é urgente que o Plano venha para o terreno.
Por ocasião do Dia Internacional da Saúde Mental, foram inquiridos 833 estudantes da Academia do Porto: três em cada quatro reportaram sentir um declínio significativo no bem-estar psicológico. No entanto, mais de metade não têm, nem nunca tiveram, acompanhamento psicológico durante os últimos dois anos letivos.
Os inquéritos que têm vindo a ser aplicados pela Federação Académica do Porto reforçam a gravidade do fenómeno e os problemas estruturais no acesso a soluções em tempo útil e a custos acessíveis. Assim, ao discutir-se o Orçamento do Estado, apelo à abertura de uma rubrica que permita a contratação de psicólogos por parte das instituições de Ensino Superior, criando uma resposta mais adequada ao crescente número de pedidos de apoio.
Porém, os problemas de saúde mental não serão resolvidos apenas com a aposta nos serviços de psicologia. A máxima “mente sã em corpo são” tem de ser incorporada na cultura das Instituições de Ensino, através da aposta no desporto universitário para todos, da reorganização da jornada de aulas e da tolerância ao erro no processo de aprendizagem e inovação.
A Academia é um espaço de crescimento profissional e pessoal e, também, do saber e do sentir. Deve, pois, estimular a convivência sã e promover a saúde e o bem-estar, para que os jovens possam desenvolver todo o seu potencial.
Os números são preocupantes, mas não são novos, denunciam a realidade e impelem à ação. Os estudantes não podem continuar à espera mais um ano letivo.