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O presidente Marcelo honra-nos com o patrocínio e a abertura, amanhã, da Grande Conferência do Jornal de Notícias, integrada nas comemorações dos 129 anos do JN. Vamos debater sobre o futuro da Europa e convidamos os nossos leitores.
A iniciativa ocorre num momento em que, reunidos na Sicília, os chefes das mais poderosas nações do Mundo concordaram ontem em continuar a enganar o pagode, declarando compromissos sobre o que, em boa verdade, não querem concordar. Complicado? Os líderes do G7 assinaram um comunicado conjunto em que reclamam "esforços" para a gestão do fluxo migratório e reafirmam a luta contra o protecionismo. Ora, sabendo que à volta da mesa estava gente como Donald Trump e Theresa May, estamos entendidos quanto à sinceridade da declaração. O mesmo sobre as alterações climáticas e os acordos de Paris, que o novel presidente americano se recusa agora cumprir. É a primeira vez que uma cimeira dos líderes das principais economias do Mundo chega ao fim com uma clara cisão entre os seus membros, sobre um assunto cuja importância não se confina às margens do grupo: a urgência de controlar o aquecimento global. Mas, sobre o tema, o comunicado é omisso. Ou seja, nem sequer há entendimento.
Mais conhecido por G7, o Grupo dos Sete já foi afinal G8. E na fotografia, se os contarmos, eles continuam a ser oito, mesmo depois de um deles ter entrado mais tarde e ter acabado expulso. Complicado? É sempre, quando se trata de poderosos, mas nem sempre de boa-fé e muitas vezes relapsos. Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido são os sete fundadores, a que se junta a União Europeia, na qualidade de "observador". Juntos, representam 64% da riqueza líquida global e o maior índice de desenvolvimento humano. A Rússia já fez parte do clube, para onde entrou a convite, faz agora 20 anos. Era a confirmação mais patente de que a Guerra Fria chegara ao fim. Mas foi expulsa há três anos, na sequência da anexação da Crimeia.
Muito criticado por um grande número de movimentos que o acusam de "decidir uma grande parte das políticas globais, social e ecologicamente destrutivas, sem qualquer legitimidade nem transparência", o G7 é um clube com direito de admissão reservado. À mesa, não se senta nenhum representante do hemisfério sul. E, pior, mantém-se a exclusão da China. Nada, porém, que incomode os dirigentes do gigante asiático, segunda maior economia do Mundo, cujo discurso oficial é, agora, o que mais defende a liberalização dos mercados e a globalização. É deles o provérbio milenar segundo o qual "as más companhias são como um mercado de peixe: acabamos por nos acostumar ao mau cheiro".
* DIRETOR