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A Torre dos Clérigos afirma o Porto pós-medieval, para além da muralha gótica; a Torre de Belém liga Lisboa ao mar, simbolizando a maior aventura do nosso pequeno país. Há outras torres antigas e belas, ou as que o aço e o elevador permitiram a partir de finais do século XIX. Não deve haver preconceitos contra edifícios altos no lugar certo, como se percebe em Paris, Frankfurt e Lisboa, por exemplo.
Todavia, é essencial considerar o contexto, como se vê com as "Torres de Ofir", isoladas e em risco junto ao mar - que avança -, ou com o famoso "Coutinho", em Viana, demolido em 2021/22.
Por isso, no Porto, é difícil aceitar que, para a abertura de uma avenida (Nun"Álvares, na Foz), a câmara proponha, perto de vivendas, em terrenos privados, construções que podem chegar aos 25 andares. E que isto fique confirmado em véspera de eleições, pelo mesmo executivo que deixou de apoiar uma nova mesquita, por entender ser melhor deixar esta decisão para quem vier a seguir.
Em Aveiro, o que se fez é ainda mais grave. Anteontem, aprovou-se um plano que viabiliza um bloco da altura do "Coutinho" e maior volume, num lugar estratégico, junto às salinas e ao bairro histórico de Albói, no extremo ocidental do canal central. Não há qualquer edifício com metade da altura e 20% do seu volume por perto. Uma "prenda" de Ribau Esteves e do PSD que transforma a imagem da cidade para sempre, ou um enorme prejuízo em indemnizações, se vier a ser impedida a construção. Havia necessidade? Qual a pressa?