Diz o ditado que uma mentira repetida mil vezes passa a ser verdade. Dizemos nós que esconder a verdade mil vezes não passa a ser mentira, mas também não faz com que a mesma desapareça.
Corpo do artigo
Depois de aligeirar os critérios de acesso. Depois de, com o dinheiro dos próprios polícias, acenarem com medidas de cariz social. E... depois de todas as campanhas de marketing, podem tentar, mas não há como negar o óbvio: nenhuma das medidas até agora implementadas travaram a falta de atratividade crescente da profissão, quanto mais inverter essa tendência.
Diz-se que a arte e mestria dos políticos se mede pela sua capacidade de antecipar os problemas. Isso já não é mais possível, o problema é real e é grave, mas ainda é viável implementar as medidas necessárias para corrigir o caminho.
Na mesma semana em que se sabe que mais um concurso para a PSP atraiu menos candidatos que o anterior, também se sabe que, a designada "lei dos metadados" mereceu uma reflexão por parte de várias congéneres europeias.
Ambas as situações dizem muito à Polícia de Segurança Pública, desde logo porque o seu futuro depende da capacidade de atrair os melhores recursos humanos e porque, enquanto órgão de polícia criminal que mais contribui para a aplicação da justiça (é responsável por cerca de 60% de toda a investigação criminal desenvolvida no país), terá certamente uma palavra importante a dizer.
É, pois, hora de os políticos (Governo e Assembleia da República) perceberem que de nada vale rever a lei, se depois não existirem polícias capazes e motivadas para garantir a aplicação da mesma.
Cremos que a "investigação criminal" e a atratividade da profissão precisam da mesma coisa: uma "metadecisão" política.
* Presidente do SCCC/PSP