Há dias, numa extensa reportagem sobre a emancipação feminina e o combate para erradicar as diferenças de género, o diário "El País" titulava, e cito de memória: "Elas não estão zangadas, estão furiosas!".
Corpo do artigo
O texto discorria não apenas sobre os passos legislativos que estão a ser dados em Espanha, como explicava que quando uma mulher se zanga, ao contrário de um homem (que impõe respeito), ela projeta apenas a imagem de uma criatura histérica. É uma generalização tosca. E se há coisa que este debate mundial tem providenciado são simplificações e atos falhados.
Ainda ontem, ficamos a saber que a Aena, o operador aeroportuário espanhol, vai deixar de se dirigir aos clientes como "senhores passageiros", substituindo o aviso sonoro por um anódino "se vai viajar...". Lamento, mas o Diabo não está nos detalhes. Porque confundir a urgência da emancipação feminina em áreas como o emprego e os direitos sociais com medidas avulsas de cosmética não ajuda à causa. Em Espanha, em Portugal e em qualquer lado. Diga não ao #metoomuch.
*Jornalista