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O Natal é uma época em que desejamos que os graves problemas que assolam o nosso Mundo possam ser resolvidos pelo espírito humanista que nos envolve nestes momentos de união e solidariedade.
Há tréguas de Natal em alguns conflitos armados, há um apelo à doação de bens que mitiguem o sofrimento de tantos, há o reencontro de amigos e familiares, por vezes desavindos ao longo do ano.
Em 2020, o Natal em Matosinhos foi ensombrado pela decisão de encerramento da refinaria de Leça da Palmeira, lançando uma terrível angústia sobre centenas de famílias de trabalhadores da empresa e dos seus fornecedores.
O anúncio abrupto e inesperado de fecho da refinaria no ano seguinte alterou a tradicional atividade da Câmara Municipal de Matosinhos na época natalícia.
Um gabinete de crise, com atividade intensa, trabalhou de imediato para reagir e agir na mitigação dos impactos esperados.
Definimos, nesses dias tão dramáticos, um caminho de esperança e de transformação positiva que tem dado frutos. Exigimos compensações justas para todos os lesados e, ao mesmo tempo, lançámos uma nova ambição para Leça da Palmeira e para o concelho.
Ao Governo e à Galp apresentamos de imediato um claro caderno reivindicativo, equilibrado, mas exigente, preocupado primordialmente com os trabalhadores afetados direta e indiretamente e com a defesa do nosso território, do nosso ambiente e do nosso futuro.
Num processo com a dimensão e impacto que este teve, não é possível corrigir todas as injustiças. Mas é possível criarmos alternativas, desde a requalificação dos trabalhadores até ao envolvimento de parceiros como a Universidade do Porto, que compensem os danos causados.
É por isso que registo com particular alegria a notícia desta semana que anuncia o arranque do novo Campus da Universidade do Porto em Matosinhos, nos terrenos da antiga refinaria. O impacto para o concelho, para a região e para o país da transformação de uma velha refinaria poluente num centro de inovação, gerador de emprego qualificado e de valor económico, que tanto irá contribuir para a competitividade internacional de Portugal, parece quase um milagre de Natal.
Mas não é. É a prova de que o Mundo se transforma pelas convicções, pela vontade e pelas ações. É a evidência de que somos todos nós, congregados num espírito de cooperação que não prescinde da capacidade de luta pelo bem comum, que seremos capazes de criar um Mundo mais justo.
Desejo a todas e a todos festas felizes. E um início de 2025 marcado pela esperança e pelo humanismo.