Corpo do artigo
Já aqui comentamos mas as notas chegam-nos: não se entendem as obras nas avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa para instalar, décadas depois e sem interesse funcional, o denominado metrobus.
Há vários exemplos de má gestão da via pública e este é mais um, contando que a responsabilidade direta não é da Câmara mas as culpas (vox populis) são atribuídas a esta e ao senhor presidente.
Gostava, porém, de tratar outro assunto, não tão longínquo como se julga: mobilidade de cargas e cidadãos face à realidade de existência dos drones, hoje usados na guerra mas em breve no transporte e entrega de mercadorias e mesmo autotransporte de pessoas nas cidades. Pode parecer disparate mas é um meio de mobilidade que deve ser pensado no plano da urbanística, pois não é com soluções como a acima referida que o futuro da cidade se moderniza.
Os “motinhas” das entregas, que perturbam o trânsito, irão ser substituídos por este meio e a circulação aérea no espaço urbano criará novas conflitualidades, que ao nível do planeamento urbanístico à distância não podem deixar de ser, desde já, pensadas.
Dir-me-ão que abordar o assunto é de quem “não bate bem da bola”, mas convém que os eleitos estejam atentos e pensem à distância, pois estes meios de “inteligência artificial” e as modificações nos processos de produção e implicações nos sistemas de vida irão trazer às cidades estas questões no futuro mais próximo do que se julga.
Serão alterações com os sistemas de trabalho, produção e distribuição, algumas já em discussão, mas implicam respostas urbanísticas e funcionais que a velha máxima da Carta de Atenas “casa, trabalho e transporte” terá de ser respondida noutros termos. Senhores autarcas e seus assessores, pensem no assunto, porque o Futuro está mais próximo do que se julga!
* Arquiteto e professor