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Um dos maiores desafios das cidades sustentáveis é promover a caminhabilidade, face ao grande desafio da descarbonização e à urgente necessidade de sociabilização e humanização, numa sociedade cada vez mais individualista. Caminhar é a única forma dos cidadãos se conectarem e de construírem relações de proximidade e de afeto. Mas há duas situações que muito dificultam este exercício: a cidade não ter passeios nas mínimas dimensões ou, simplesmente, não ser plana, o que acontece em muitos dos casos. Somos um país que também tem montanhas, planaltos, declives e orografias complexas. E quando assim acontece, como aplanar as cidades para a prática da caminhabilidade e dos modos ativos?
Uma das soluções que mais se está a utilizar é a mobilidade vertical, isto é, através de sistemas ou tecnologias projetadas para facilitar a deslocação de pessoas e mercadorias entre diferentes cotas ou patamares. Hoje são amplamente utilizados, diminuindo distâncias, aumentando o conforto, a eficiência e reforçando as acessibilidades, em particular para quem tem mobilidade condicionada.
Alguns exemplos comuns em contexto de espaço público são elevadores, escadas rolantes, plataformas elevatórias, funiculares, teleféricos, entre outras soluções, podendo eliminar muitos quilómetros, normalmente percorridos por veículos motorizados, tornando os lugares mais próximos e sustentáveis.
Algumas cidades no nosso país estão a apostar fortemente na mobilidade vertical como Lisboa, Porto, Nazaré, Santarém, Vila Real, Leiria, Viana do Castelo e Covilhã, e estou convicta que este vai ser um dos grandes desafios dos próximos anos, para quem planeia as cidades.
* Especialista de Mobilidade Urbana