Muitos sonhavam que fosse uma mulher, ainda por cima progressista e com a bandeira do combate à desigualdade (Elizabeth Warren). Outros entusiasmaram-se com a possibilidade de ser um jovem autarca, centrista e federador, ainda por cima homossexual assumido (Pete Buttigieg).
Corpo do artigo
As influentes elites financeiras e urbanas aplaudiam o multimilionário que fez a sua própria fortuna, ainda por cima independente e filantropo (Michael Bloomberg). Ambições que a crua realidade dos votos deitou por terra. Depois da super-terça-feira (assim chamada porque estavam em causa eleições em 15 estados e territórios e um terço dos delegados), a luta pela nomeação democrata às presidenciais norte-americanas fica circunscrita a dois homens, quase octogenários, profissionais da política há muitas décadas: Bernie Sanders, o socialista (a palavra deixou de ser maldita nos EUA por sua causa) e líder de um movimento popular que impôs a sua agenda e empurrou os democratas para a Esquerda do espetro político; e Joe Biden, cujo maior trunfo foi ter servido como leal "vice" de Obama na Casa Branca durante oito anos. A competição restringe-se a Biden e a Sanders, mas é o primeiro que aparece agora como claro favorito no que ainda falta para uma maioria de delegados à reunião de julho no Wisconsin (um dos oito Estados da chamada "rust belt", a cintura industrial "ferrugenta" fundamental para vencer eleições). O entusiasmo juvenil e as ideias estão sobretudo do lado de Sanders. Mas o pragmatismo e a estabilidade estão ancorados do lado de Biden. Entre a revolução e convenção, os eleitores moderados parecem ser em número bastante para ditar o resultado. Foi suficiente para retirar a liderança na corrida a Sanders. É capaz de ser suficiente para ganhar a nomeação democrata. Mas, num país fortemente polarizado é provável que seja insuficiente para enfrentar Donald Trump e a sua máquina infernal de propaganda, mentira, narcisismo e descaramento.
Chefe de redação