"O meu partido é o Porto", assegura Rui Moreira. Uma frase que qualquer candidato à Câmara portuense subscreve sem pensar duas vezes. Mas o que o ainda presidente da Associação Comercial do Porto pretende não é afirmar uma paixão maior do que a dos outros pela sua cidade. O que Moreira quer demonstrar é que não tem partido político, que não está interessado nos partidos políticos, que não é condicionado pelos partidos políticos.
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Uma mensagem cativante, sobretudo tendo em conta o período de grande desencanto dos cidadãos para com os partidos. Mas será verdade que o candidato, não sendo militante de nenhum partido, é assim tão independente do mundo partidário?
Olhe-se, antes de tudo, para a génese da sua candidatura. É sabido que o movimento que o empurrou nasceu da contrariedade provocada pelo processo de candidatura de Luís Filipe Menezes no PSD. Foi na área social-democrata, e concretamente na área do partido afeta a Rui Rio, que foi ganhando asas a hipótese de uma candidatura alternativa, sobretudo depois de se perceber que Menezes tinha com ele os homens capazes de controlar o aparelho e portanto de lhe garantir a nomeação.
Olhe-se, depois, para o apoio do CDS-PP, que simulou uma hesitação que nunca teve, acabando por lhe endossar apoio.
E olhe-se finalmente para o apoio de António Capucho, que nos dias que correm apoia todos o que se assemelhem ao PSD, desde que sejam adversários dos candidatos da linha oficial. Capucho, como de costume, não tem papas na língua e apoia Rui Moreira pela simples razão de que este é o candidato de Rui Rio. Se não for com apoio explícito, com apoio implícito.
Olha-se para isto tudo e concluiu-se que Rui Moreira só é um candidato independente na medida em que não é militante de nenhum partido. Mas a sua independência cessa provavelmente por aí. O que não significa, no entanto, que não seja um candidato vencedor.
E, assim sendo, feitas as contas, teremos os seguintes candidatos no Porto: Luís Filipe Menezes, candidato oficial do PSD de Passos Coelho; Rui Moreira, candidato oficioso do PSD de Rui Rio e oficial do CDS; Manuel Pizarro, candidato do PS; Pedro Carvalho, candidato do PCP; e José Soeiro, candidato do Bloco de Esquerda e dos Indignados. Todos certamente independentes de espírito, todos vinculados a partidos.