Orgulho-me de tentar sempre olhar para o copo meio vazio e conseguir ver que afinal ele está é meio cheio. Arrasado o sonho da maioria de Direita, estou satisfeito por também não se ter confirmado o pesadelo de uma nova geringonça.
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Como os leitores com boa memória saberão eu fiz aqui nas últimas semanas repetidos apelos ao voto contra a abstenção e ao voto útil a favor de uma maioria absoluta. Para mim, preferencialmente de Direita, mas não sendo ela possível como não foi, que fossem o PS e António Costa a atingir essa maioria absoluta. Claro que não foi por causa do que eu escrevi que as coisas aconteceram, mas registo com muito agrado uma significativa diminuição da abstenção e a obtenção de uma maioria absoluta, mesmo não sendo a minha maioria absoluta preferida.
Todos reconhecem, a começar pelos próprios militantes e dirigentes socialistas, que a maioria absoluta do PS foi a grande surpresa da noite eleitoral. Esta surpresa geral tem sobretudo a ver com o mau serviço e as más informações que foram prestadas pela totalidade das sondagens que intoxicaram a opinião pública e sobretudo a opinião publicada, em que se inclui principalmente a esmagadora maioria dos comentadores de serviço nos principais canais televisivos.
Para quem tem boa memória, os resultados das últimas sondagens que vieram a lume antes do início dos debates e da campanha eleitoral apontavam para números não muito diferentes dos que realmente viemos a conhecer na noite eleitoral. Já depois de terem começado os debates e a campanha eleitoral, os resultados das sondagens que saíram de uma forma atabalhoada e galopante, com informações quase non stop, pareceram deixar de refletir a opinião dos eleitores em geral, para parecerem estar a alinhar-se pelas opiniões e influências dos comentadores de serviço. Só quando foram anunciados os números das sondagens à boca das urnas, essas sim resultantes do comportamento dos eleitores e não da opinião enviesada dos comentadores, é que a "bota voltou a bater com a perdigota". Vistos os resultados não preciso que nenhuma sondagem me diga que a maioria dos analistas não valorizou a opinião maioritária dos portugueses sobre a forma como o Governo PS lidou com a pandemia, nem o erro histórico do chumbo do Orçamento pelos amigos da geringonça.
Para vergonha das empresas de sondagens, os resultados eleitorais mostraram a diferença escancarada entre as sondagens à boca das urnas e as sondagens feitas com as bocas dos comentadores.
* Empresário