As relações luso-finlandesas terão começado a azedar-se quando a Direita «de lá» avisou de que votaria contra a ajuda financeira internacional aos «de cá» (e piorou quando um casca-grossa finlandês perguntou se era ele que teria de pagar o almoço do dr. Passos e do dr. Jardim...). Face a isso, talvez se esperasse um protesto formal do Governo -- mas tal não sucedeu. Impunha-se portanto que alguém tomasse uma atitude. Tomou-a a Câmara de Cascais, ao pôr a correr na Internet um vídeo que ensina umas coisas a esses estúpidos finlandeses. Sabiam eles que inventámos os pastelinhos de Belém? Faziam vista grossa ao facto de termos Mourinho e o CR7? E, sobretudo, tinham consciência de que contribuímos para o PIB da Finlândia ao comprarmos lá 60% dos nossos telemóveis?
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O vídeo é tão pateta que não mereceria estas linhas - não se desse a circunstância de a Finlândia ter correspondido com um vídeo do mesmo estilo, no qual nos lembra coisas tão importantes como terem mulheres muito bonitas e dois campeões de Fórmula 1.
Via Internet, andamos, portugueses e finlandeses, a trocar piropos perfeitamente idiotas, em vez de nos centrarmos sobre a questão fundamental de saber se eles iriam, ou não, contribuir para nos ajudar. Parece que sim - embora se calhar com a mesma boa vontade da Grã-Bretanha, que, segundo um seu ministro, votará a favor, «mas a resmungar» -- e entretanto o «Financial Times» diz que Sócrates se preocupou «apenas com o seu quintalinho» (o «quintalinho» será Portugal?).
Afinal, é «isto» a União Europeia? Troca de vídeos palermas ou grosseiros comentários sobre a má gestão nacional? Se é, então pergunto: com «unidos» destes, quem é que precisa de «desunidores»?!
