Notícia recente dava nota da partida de um velho comerciante, da esquina do Bolhão com Sá da Bandeira, casa de sementes conhecida portuense. Outras idênticas já se foram e, com isso, a geografia comercial da cidade vai-se alterando.
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Nada de especial, dirão, mas significativo das alterações humanas e sociais da velha cidade.
São acontecimentos humanos e sociais com implicações na funcionalidade económica e sociocultural da urbe portuense. O Porto tem perdido população para as periferias e a que se aguenta tem mudado de perfil e comportamentos, de que as alterações comerciais são exemplo. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, diz a canção e é disso que se trata e os poderes políticos pouco podem fazer a estas determinantes comerciais. “Comércio tradicional” que se vai aguentando merece admiração, sobretudo dos turistas, que, sem lhes pedirem, são até quem mais contribui para esta sobrevivência.
Depois há os tais interesses económicos que entram no jogo e olham a cidade do ponto de vista financeiro, com as suas “marcas internacionais” que dão a “imagem de modernidade” internacional que se vende em todo o lado. Para dizer que o Porto não foge a isto e, felizmente, ainda conserva lojas e cafés únicos e intervenções feitas no centro não têm descaracterizado a sua personalidade urbana.
É isso que marca a cidade, que com menos gente e diferente nos comportamentos sociais ainda se mantém velha e firme como nasceu e honra a Humanidade.
* Arquiteto e professor