Na clandestinidade por honrar o legado de Mandela
"Que haja justiça para todos. Que haja paz para todos. Que haja trabalho, pão, água e sal para todos. Que cada um saiba que, o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados para que cada um se realize de forma plena" - Nelson Mandela, discurso de tomada de posse.
O ano 2024 marca o 30.oº aniversário da eleição e tomada de posse de Nelson Mandela, evento que marcou oficialmente o fim do apartheid e que representou uma nova esperança para uma África do Sul e para um Mundo mais justo e equitativo. Criado em 2005, o movimento de base comunitária Abahlali baseMjondolo (AbM) nasceu na África do Sul precisamente para contribuir para que o sonho de Mandela se torne realidade. Num país que o Banco Mundial classificou como o mais desigual do Mundo - com 10% da população a deter mais de 80% da riqueza -, e em que os níveis de pobreza ultrapassam os 40%, o AbM luta para que os mais pobres, que vivem nos chamados bairros de lata, tenham acesso a condições de vida dignas.
Com mais de 80 comunidades, o movimento criou escolas, lojas e hortas comunitárias e garante o acesso à eletricidade, saneamento e água potável, desafiando os poderes instituídos e denunciando crimes de corrupção que envolvem as autoridades locais. Mas a defesa dos mais vulneráveis e a luta pelo respeito dos seus direitos humanos tem colocado a vida dos líderes do AbM em risco. Desde 2006, 25 dos seus membros foram mortos, e muitos outros têm sido atacados e ameaçados, sem que a maior parte dos crimes seja sequer alvo de investigação. Após ser alvo de ameaças, o atual secretário-geral do AbM, Thapelo Mohapi, vive hoje na clandestinidade, impedido de passear com os seus filhos e de assistir, ao vivo, aos jogos de futebol que tanto gosta. Sacrificou a sua liberdade porque quer que o sonho de Mandela se torne real.
No âmbito da Maratona de Cartas, podemos apoiar Thapelo e o AbM a cumprirem o legado de Mandela livremente e em segurança. No site da Amnistia Internacional pode enviar-lhe uma mensagem de alento e assinar a petição para pressionar a polícia da África do Sul a investigar de forma imparcial estes assassinatos e ameaças. Participe, a sua assinatura pode mudar vidas!

