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Há uma verdade que fazemos por não lembrar embora seja um dogma do que somos. É que o Mundo só mergulha no chiqueiro quando uma grande parte das pessoas já se sente confortável na lama. Parto até do princípio de que, a maioria dos que se estão a borrifar, não são más pessoas. Constato que passam ao lado do mal que lhes toca, que nos toca. Não se indignam, não se comovem, não se questionam. Não digo que é fácil e ainda menos me excluo. Talvez por defesa, fechamos os olhos à decadência. Ao estrebuchar do pudor. Às crianças que morrem em guerras que passam nos telejornais como se fossem figurantes da primeira novela da noite. Choramos (e muito bem) com as lágrimas da família de Diogo Jota, mas passamos à frente quando a tragédia nos interpela diretamente. Aí preferimos olhar, sem ver.
Lamine Yamal fez 18 anos no domingo. Festejou a maioridade numa festa de arromba com prostitutas de mamas medidas à entrada, anões disponíveis para ser atirados à piscina e outras surpresas impossíveis de comprovar por os telemóveis terem sido abandonados à porta. O jovem futebolista, o maior talento da atualidade, celebrou a grandeza com a prova de que não passa de um pequeno gangster que, perante a possibilidade de ser tudo, preferiu ser o que se ri à gargalhada com anões nus abraçados a meninas em topless mergulhadas em Pérignon e notas de 500 euros. Eu próprio me ri quando li a primeira vez. Ri-me antes da vergonha que senti por o ter feito.