Na Ucrânia não há Ano Novo. Em dez meses, a Rússia continua com os seus objetivos fixados e a matar civis indiscriminadamente com ondas de mísseis e outras armas de destruição. A população ucraniana passa para 2023 com as mesmas dificuldades de 2022, mas com a convicção de que Putin está desesperado diante das crescentes dificuldades da Rússia em manter a ofensiva, com tropas desanimadas e sem conquistas significativas.
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A forma de o presidente russo compensar estes falhanços é substituída pelo lançamento ininterrupto de mísseis a Kiev. Desde há algum tempo que a destruição das condições de sobrevivência na maior parte da Ucrânia é o objetivo prioritário de Putin, cuja estratégia há muito deixou de ter objetivos militares.
Sem dúvida que as primeiras semanas deste 2023 não trarão nada de novo para a Ucrânia. Há também falta de misericórdia do chefe de Estado russo, que continua a considerar a Ucrânia uma parte natural de sua própria nação, quer o povo ucraniano goste ou não.
Perante este cenário, as expectativas de um cessar-fogo ou de uma paz negociada esvaem-se a cada nova tentativa. A verdade é que existe um desequilíbrio de motivação entre os ucranianos, que defendem o seu país de uma invasão, e os soldados russos, que estão nesta guerra sem saber bem porquê.
Os pacotes de sanções internacionais contra a Rússia estão a criar mossa muito lentamente, enquanto a defesa antiaérea ucraniana foi reforçada com o apoio dos antimísseis Patriot. Uma situação de impasse que obriga todos a negociar, para bem de um Mundo mais estabilizado. Não podemos voltar a uma Guerra Fria moderna. O Ocidente está tão dependente da Rússia ou da China, como o contrário, pelo que o cenário futuro não pode incluir um Mundo novamente dividido em blocos herméticos e confrontantes.
*Editor-executivo