Não entrar derrotado para o último jogo da Liga permitiu que todos os índices de aprumo em competição não fossem abandonados. Na certeza de que não foi só a resiliência a conduzir esta reta final de época, materializada em 11 vitórias consecutivas, o F. C. Porto vendeu caro um título que outrora entregou pela irregularidade e desacerto em jogos inimagináveis. Estava tão ao nosso alcance que, pese embora os erros, quase aconteceu.
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Frente a um V. Guimarães com objectivos em disputa, exigia-se rigor e fluência. Ninguém sabe o que poderia ter sido o jogo sem a expulsão madrugadora de Tomás Handel, mas o F. C. Porto jogou em acerto contra 10 como muitas vezes não conseguiu. À procura da espectacularidade, com belíssimos momentos de futebol, com arrancadas individuais de tirar o fôlego, com remate certeiro e arrojo colectivo, os "dragões" não se limitaram a somar três pontos mas também a cimentar confiança que será muito útil, no próximo domingo, na final da Taça de Portugal no Jamor.
Individualmente, Taremi tem todas as razões para se sentir no topo, Evanilson dá sinais de regresso a um melhor patamar de forma e a dupla Otávio/Pepê é uma delícia concentrada em poucos centímetros e quilómetros de genialidade. E como os correm. Frente ao Braga, procuraremos fechar a época com três títulos nacionais. Nada pouco, mas sem o sabor que se conhece.
Positivo: Se há um jogador que mereceu, capaz e inteligente, resiliente e sofrido, o prémio de melhor marcador da época, é Taremi. Jogou e fez jogar, marcou 22 na Liga, assistiu, jogou de costas para a baliza, olhou-a de frente, intenso e fluente. Com um Mundial nas pernas e com uma nação em ebulição, teve sempre a coragem que faltou a muitos. Um exemplo. Muito mais do que um goleador.
Negativo: A descida anunciada de Santa Clara e de Paços de Ferreira pode ser um simples "até já" mas dá conta de que uma equipa que está de Novembro até ao início de Maio sem ganhar, dificilmente pode alcançar salvação. E de que outra, onde as mudanças no comando técnico são incompreensíveis, não mede razões nem consequências.
o autor escreve segundo a antiga ortografia
*Adepto do F. C. Porto