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Os tempos que vivemos exigem um esforço suplementar de cada um de nós, porque muitos dos princípios basilares de uma sociedade justa e democrática são diariamente questionados. Assistimos com perplexidade aos debates diários na Assembleia da República, muitas vezes referida como “casa da democracia”. E o que vemos e ouvimos deixa-nos atónitos, face à diversidade interminável de comportamentos, ataques pessoais, algumas vezes insultos, de que vários dos senhores deputados fazem o seu dia a dia. E nem a alteração de uma liderança mais agreste, para outra com uma atuação mais conciliadora, própria da enorme solidez democrata e de caráter do atual presidente, melhorou o estado de sítio. Temos consciência que os radicalismos não conduzem a nada de bom, mas vamos assistindo impotentes ao seu crescimento e consolidação.
As redes sociais vão-se transformando numa espécie de parlamento individual descontrolado, em que cada um insulta da forma que consegue como a mais agressiva, num novo modelo de julgamento popular, uma espécie de globalização de uma nova santa inquisição digital. E a Comunicação Social tem dificuldade em resistir às formas mais fáceis de conseguir melhorar audiências. Na Administração Pública assiste-se a um crescendo imparável de cadernos reivindicativos, sendo cada vez menos os que se atrevem a expressar posições sobre os deveres de brio e empenho profissional, produtividade e esforço, em nome dos valores comuns da sociedade. Porque rapidamente podem ser apelidados de déspotas ou acusados de assédio moral. Sendo que, em nome da verdade, é justo afirmar que a maioria dos colaboradores do setor público são pessoas de bem, competentes e empenhadas. Mas tudo é avaliado pelo menor denominador comum.
Nestes tempos difíceis sinto-me a nadar contra a corrente, mas recuso-me a alinhar na banalização da destruição institucional.