Não há coisa pior para quem faz da escrita um modo de vida do que não ter o que escrever para dar sentido a esse modo de vida. Fareja-se um assunto, rodeia-se outro, e nada.
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Espera, encontrei uma frase que vai escancarar-me as portas da criatividade. E se pegasse nas declarações esdrúxulas deste tipo e as desembainhasse como metáfora para introduzir uma temática verdadeiramente séria? Que fizesse o leitor pensar "sim senhor, ora aqui está um texto ambicioso, escrito por alguém que dedicou uns minutos a uma temática frívola, mas que lhe conferiu uma espessura literária reveladora de um grande desembaraço intelectual". Veja bem, caro leitor, a estima e consideração que eu nutro por si, capaz de o colocar na espinhosa condição de alguém que recorre à expressão "desembaraço intelectual". Bem, mas voltando ao tema (aliás, à ausência de tema) desta crónica, é realmente confrangedor quando somos sugados pela angústia da coluna vazia, ter de distribuir vocábulos, cavalgar as linhas e chegar ao fim. Olha.
* JORNALISTA