À luz de que direito aviões franceses e italianos estão a atacar, na Líbia, as forças governamentais? Por que não bombardeia a NATO, por exemplo, o Irão?
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Vivi demasiados anos sob uma ditadura, "soft" que seja, para saber o que custa uma pessoa sentir-se amarfanhada pela concentração de todos os poderes do Estado nas mãos de um só homem. Por isso, compreendo o que acabou por acontecer em zonas como o Norte de África e o Médio Oriente, onde finalmente os cidadãos começaram a gritar "não!".
Mas, por outro lado, sei que as ditaduras podem ser comparáveis àquelas verrugas que surgem no corpo e nas quais os próprios médicos não se atrevem a mexer. Vejamos o caso do Iraque. Era uma ditadura, mas, depois da invasão pelos EUA e seus aliados, já morreram muitos mais iraquianos do que aqueles que o ditador Saddam matou. E democracia nem vê-la - e o mesmo se dirá do Afeganistão, onde os talibãs continuam a rir-se da presença das forças internacionais. Em resumo: há ditaduras em que mais vale a pena não bulir, não vão as coisas piorar. Não o ignoram os EUA e a NATO, pois há algumas com as quais acham melhor não se meterem (vocês sabem de quem estou a falar...).
Assim, gostaria de que me explicassem à luz de que direito aviões franceses e italianos estão a atacar, na Líbia, as forças governamentais (e diria o mesmo se estivessem a bombardear os rebeldes). Como se explica que tomem partido por uma das facções? Será o regime líbio uma ameaça à boa ordem mundial, ou até só da região, que justifique uma intervenção militar estrangeira? Por que não bombardeia a NATO, por exemplo, o Irão, cujo regime é um potencial perigo para a paz?
Em conclusão: abomino todo e qualquer Kadafi, mas isso não me obriga a aceitar que a NATO vá meter o nariz (dos seus aviões...) na Líbia. Ficará o Mundo melhor se Trípoli acabar por cair nas mãos dos rebeldes? Eu cá não sei - aí é que está o busílis...
