O regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro na Assembleia da República seria o primeiro passo que o PS poderia dar para acabar com o "bicho-papão" da maioria absoluta.
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É verdade que o Parlamento é livre de definir a sua forma de funcionar, mas o resultado saído das eleições legislativas tem de ter um peso importante nesta decisão. Os portugueses deram uma maioria absoluta a um partido, mas não disseram que é dispensável escrutinar a ação do Governo maioritário.
Os novos grupos parlamentares exigem o regresso dos debates quinzenais, que, recorde-se, foram extintos com os votos favoráveis do PS e PSD, contra das restantes bancadas e a abstenção da deputada não inscrita Cristina Rodrigues. Percebe-se que, sobretudo, Iniciativa Liberal e Chega encontrem no formato um palco privilegiado para alicerçar a sua presença no Parlamento, mas parece evidente que a avaliação do Governo deve ser alargada o mais possível e não recair apenas na Presidência da República.
Se qualquer sessão de perguntas ao primeiro-ministro de quinze em quinze dias servir para dizer que "temos a esquerda radical mais estúpida do Mundo" ou que a "extrema-direita vai querer introduzir na sociedade uma cultura de ódio" ou, ainda, que há deputados "suínos", como temos escutado e lido estes últimos dias, então é preferível dispensar os portugueses deste sofrimento.
Para já, temos a promessa socialista de "promover a solidariedade institucional e o diálogo na Assembleia da República" e a vontade "inequívoca de contribuir para uma cultura de diálogo político no quadro parlamentar, sabendo ouvir, sabendo escutar todos os partidos e todas as expressões parlamentares". E a melhor forma de o fazerem é aceitarem o regresso dos debates quinzenais.
*Diretor-Adjunto