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Sou adepto de nos mantermos fiéis às nossas origens. Mesmo que a vida nos leve para outros sítios, às vezes melhores, e que tudo dê uma volta de 180 graus, não nos devemos esquecer de onde viemos.
Seja no futebol, quando os jogadores surgem de contextos humildes, seja no nosso trabalho. Por exemplo, falando do meu caso em específico, ainda há quatro anos era estagiário no JN e nunca pensei que agora estivesse a fazer um Campeonato da Europa.
Não esqueci as minhas origens e trabalhei para merecer oportunidades. Mas o tema desta crónica surge por estar em Gelsenkirchen. Disseram-me de antemão que a cidade era feia e quis investigar um pouco mais. Descobri que é uma cidade com forte peso emigrante e que acolhe bastantes refugiados. No contexto laboral, nas últimas décadas fez a transição de ser uma cidade com muitas minas para passar a ser mais verde e ligada à energia mais ecológica.
Eu acho que o futebol tem relação com muita coisa e o clube de Gelsenkirchen, o Schalke 04, foi fundado por pessoas do povo, os mineiros dos anos iniciais do século 20. Hoje, a cidade não esqueceu as origens. Não é a capital Berlim, ou Munique, a cidade mais rica da Alemanha, que recebem uma grande quantidade de refugiados. Não é Frankfurt, motor económico do país, que acolhe milhares e milhares de emigrantes. Não. É Gelsenkirchen, que sempre foi do trabalho “sujo” e dos “mal vistos”, mas que serviu o povo. Deixem lá a cidade ser feia.