<p>Cavaco Silva ganhou e ganhou, em votos expressos, bem. Em democracia, por um voto se ganha, por um voto se perde. E Cavaco Silva somou mais de um milhão e quase 200 mil votos que Manuel Alegre. Não vale a pena denegrir a eleição. Cheiram a remorsos mal resolvidos aqueles que, agora, vêm com hipócritas declarações. </p>
Corpo do artigo
Isso, porém, não quer dizer que os resultados apurados não devam ter profunda reflexão. E a começar pelo presidente que está em Belém. Só um entre cada quatro portugueses votou em Cavaco Silva. Com uma soma de 59,56 % entre abstenções, votos brancos e nulos, esse valor até está favorecido. Mas as primeiras justificações que aparecem para justificar os números da abstenção (53,37%) são contra o funcionamento da democracia. A impossibilidade declarada de "limpar", em tempo útil, os "eleitores-fantasmas" é surrealista. Então não será possível uma lei que obrigue a declaração de óbitos ser imediatamente transferida para o registo eleitoral? Ou será que muitos mortos continuam também a receber pensões e subsídios? Em relação aos emigrantes até acho que não deveriam ser "abatidos" nos cadernos. O que é preciso é criar condições orgânicas e pessoais para votarem onde quer que estejam.
A confusão lançada pelos cartões de cidadão, ao nível operativo da moderna informática, é apenas ridícula. Para além, da real infoexclusão de muitos cidadãos, pelos vistos, esta também atinge alguns ministros e ministérios.
Estou de acordo que se evitem sobreposições de salários. Mas, como cidadão, não aceito ter um presidente em Belém sem receber um chavo pelo que, ali, está a fazer. É gritante o ordenado errado que se atribui a um PR.
Depois das declarações que, ontem, Carlos Silvino trouxe à praça pública, sejam quais forem os lados por que podem ser interpretadas, ninguém neste país pode dormir descansado.
O julgamento do processo sobre o caso SLN/BPN não pode prosseguir normalmente porque, no Campus da Justiça, não há salas que comportem todos os advogados e arguidos deste megaprocesso.
A sustentabilidade do ensino privado tem de ser resolvida com leis democráticas. Mas realizar uma manifestação com pais, professores e crianças a transportar caixões até à porta do ministério retira a razão a quem reclama.
As aludidas fraudes fiscais e de burla que tingem o negócio dos submarinos metem ao fundo qualquer vigilância em terra ou no mar.
São preocupantes o défice e a dívida externa. Mas não são menos preocupantes estes sintomas de ensandecimento.