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Os judeus são um povo admirável e detestável. Perseguidor e perseguido. Genial e arrogante. Um Mundo em culpa ofereceu-lhes, e bem, a terra prometida. Após o Holocausto não havia como negar-lhes a pretensão, Israel teria de renascer. É justo reconhecer que têm sido sempre uma "ilha" rodeada de ódio por todos os lados. Também por culpa própria, os israelitas trataram toda a gente à volta como inimigos a abater. Ao longo dos anos foram "comendo" terra, desalojando famílias, matando, humilhando. Israel transformou-se numa Esparta moderna. Quem está agora no poder, e toda a clique ortodoxa israelita, é um bando de criminosos. Deveriam ser julgados pelo que representam, pelo sangue que espalharam, por uma impensável amoralidade. Enterraram a possibilidade de nos comovermos com o que sofreram às mãos dos nazis. Nos campos de concentração alemães, os "animais" eram os judeus, mas no inferno de Gaza os nazis são judeus e os judeus palestinianos. Ainda assim, não desistamos de Israel. Escrevo-o com esforço, mas com a certeza de que o devo fazer em respeito pelo sofrimento de milhões de judeus na oposição e em nome da genialidade dos que tornaram o Mundo melhor - de David Grossman a Amoz Oz, de Woody Allen a Spielberg, de Leonard Cohen a Yitzhak Perlman, da verticalidade de Yitzhak Rabin ao humor de Groucho Marx, do brilhantismo de Einstein à coragem de Anne Frank e dos que foram sacrificados por terem o sangue errado. Eles sabem, mesmo os mortos, que é intolerável o que está a acontecer.