Nunca um aviso foi tão sério e preocupante. Com a publicação do relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU, esta semana o ambiente e as alterações climáticas voltaram a entrar de forma insistente nas notícias.
Nesta coluna, tenho escrito e alertado para a importância que este tema representa no presente e em particular no futuro do planeta. O relatório do IPCC vem confirmar que o aquecimento global não é apenas uma tese, mas uma realidade implacável e avassaladora. A evidência científica que a qualidade dos dados do relatório e análise dos mesmos infere esclarece que não há dúvidas de que as alterações climáticas dos últimos 150 anos são antropomórficas, ou seja, têm origem na atividade humana.
É alarmante observar que em todos os cenários traçados no relatório IPCC, a temperatura global vai aumentar e, nos próximos anos, vão agravar-se os fenómenos climáticos extremos como ondas de calor, secas, chuvas torrenciais, cheias e serão mais prolongados no tempo. E este aumento da temperatura na atmosfera está, pois, intimamente ligado ao aumento de dióxido de carbono (e outros gases com efeito de estufa, como metano) na atmosfera. Note-se que a crescente saturação das florestas e oceanos limita a absorção do dióxido de carbono com consequência direta no aumento da temperatura. Além disso, os graves incêndios a que assistimos todos os anos limitam a capacidade de sequestro de carbono por parte das florestas.
Sobre a Europa, o relatório identifica que o continente europeu será o bloco geográfico do Mundo mais afetado pela subida da temperatura. A Europa tem-se assumido como líder global no combate às alterações climáticas, mas os esforços feitos até hoje continuam aquém do necessário para cumprir as metas do Acordo de Paris. A Conferência de Glasgow - COP26 - será, por isso, o fórum político com a responsabilidade de discutir e aprovar na prática e sem desculpas a ambição das metas da neutralidade carbónica e a contribuição de cada país. Não será uma discussão fácil entre os diferentes blocos económicos, mas há, hoje, um consenso generalizado em como se não forem tomadas medidas urgentes para cuidar do planeta, caminhamos a passos largos para o abismo. Agora que deixaram de subsistir dúvidas sobre a responsabilidade humana no aquecimento global, sem radicalismos, é urgente agir.
Não é novidade, mas os especialistas assinalam que Portugal pertence às regiões mais vulneráveis às alterações climáticas. Os efeitos dessa vulnerabilidade traduzem-se em maiores problemas de erosão costeira, incêndios cada vez mais perigosos e violentos, secas mais intensas e prolongadas e ondas de calor com impactos na agricultura que trazem já novos desafios à gestão do território e das comunidades.
A ciência, a inovação e a tecnologia, utilizando a recolha de dados, ajudar-nos-ão a desenvolver cidades e territórios mais resilientes, mas não podem substituir a ação humana. Seremos julgados pelas próximas gerações pela forma como respondermos a este que é o maior desafio do século.
*Eurodeputada do PSD
