<p>Por estes dias de férias em que a maioria dos portugueses lê no jornal do café do ano inteiro o luxuoso descanso daqueles para os quais a crise se resume a decretar os sacrifícios e o desemprego "dos outros", continuamos a confrontar-nos com um país que parece já se ter habituado a conviver com o flagelo dos incêndios. Como se estes fossem só o produto de incendiários criminosos ou psicopatas e nada tivessem a ver com um modelo de desenvolvimento que nos tem imposto a pobreza ou a insolvência do espaço rural, a desertificação e a litoralização "dos interiores" e a desumanização das concentrações urbanas…</p>
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De permeio fica-nos, depois "do tiro no pé" da revisão constitucional, o registo da tentativa desesperada do PSD em ocupar o espaço mediático com uma "urgência estival" em discutir uma execução orçamental sobre a qual já todos se tinham pronunciado e (muitos) concluído tratar-se de mais uma das consequências do "patriótico" acordo negociado entre o Governo e o PSD para controlar o défice orçamental, indo ao bolso de quem trabalha, comprometendo o crescimento do país e reforçando a sua dependência…
Como nota permanente continua a arder em lume brando o "edifício judiciário" em Portugal. Em vez da sua desejada (e suposta) independência, surgem (cada vez mais nítidos) os contornos de uma partidarização/politização inaceitável, de uma estrutura pensada para dificultar o acesso de todos à Justiça e para discriminar portugueses perante a lei.
Para quem ainda tenha dúvidas, os ditos e os não ditos, as afirmações e as omissões, as declarações oportunas e os silêncios tácticos de potenciais implicados e dos diversos intervenientes processuais do caso Freeport mostram-no bem.