Não foi bonito ver o presidente da Assembleia da República a rir-se e a vangloriar-se, durante uma conversa com vários interlocutores, entre eles Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, do puxão de orelhas que deu ao líder do Chega no Parlamento.
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Também não foi bonito que Augusto Santos Silva tenha tecido considerações sobre o desempenho da Iniciativa Liberal na mesma sessão de boas-vindas ao presidente do Brasil, quer se tenha referido à "falta de integridade política" (frase que se lê no vídeo da ARTV legendado pelo jornal Observador), quer à "falta de maturidade política" daquele partido (explicação e correção posterior do próprio líder da Assembleia da República).
Quando se pretende combater, e bem, todos os extremismos e a falta de educação e civismo de alguns deputados, não basta recomendar que "chega de insultos, chega de envergonhar as instituições, chega de envergonhar o nome de Portugal". É preciso um pouco mais.
"Esta minha fúria é a fúria de um tipo gelado (...) Aliás, acabou de forma muito engraçada com o Lula a acalmar-me", são expressões que favorecem quem Augusto Santos Silva criticou e não o contrário. Como já se viu ontem no plenário da AR.
Comentar a opção da Iniciativa Liberal em fazer-se representar apenas pelo seu líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, durante a receção a Lula da Silva, também não revela a imparcialidade que se exige à segunda figura do Estado.
Também não foi, de todo, bonito que uma conversa supostamente privada tenha sido divulgada. Mas foi. E, certamente, todos os participantes terão reparado que tinham câmaras de filmar à sua volta.
Já mandar apagar o vídeo mostra desconforto e arrependimento. Mas, pior, revela uma falta de noção sobre o Mundo de hoje. Uma vez na Internet, para sempre na Internet.
Diretor-adjunto