A manifestação dos professores realizada no último sábado, em Lisboa, surpreendeu muita gente, inclusive os próprios organizadores. Os docentes jovens juntaram-se aos seniores, engrossando assim um protesto que nem sequer envolveu de forma oficial a Fenprof, alegadamente o maior sindicato do setor. Curiosamente, também havia alunos presentes.
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Será que as reclamações dos docentes são justas? Queixam-se da possibilidade de os diretores poderem escolher professores sem terem em conta a graduação profissional; da ausência de contagem de tempo de serviço que esteve congelado; das quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões; e ainda da penalização na aposentação após 36 anos de serviço. O fim da precariedade também entra no caderno reivindicativo.
A importância dos professores na formação dos profissionais do futuro é indiscutível. No entanto, estes profissionais são bem menos valorizados pela sociedade do que, por exemplo, os médicos ou os magistrados. Ganham pouco comparativamente àquelas duas classes profissionais do Estado e são menos respeitados tanto pelas famílias como pelos próprios jovens que se sentam à sua frente nos bancos da escola.
Uma das consequências mais evidentes deste estado do ensino é o abandono precoce da profissão. Está em curso uma vaga de aposentações de docentes no ensino público. Por outro lado, 57% dos professores do público têm mais de 50 anos. No privado, pelo contrário, são apenas 24%. A diferença está no estatuto salarial e social dado a quem ensina no setor privado e a quem integra a mesma carreira no Estado.
O professor universitário goza de melhores condições e até de algum respeito social, enquanto que os colegas do Básico e do Secundário são vistos com outros olhos. Os alunos universitários de qualidade não se fazem nas faculdades. Moldam-se bem antes. Quem não percebe isto?
*Editor-executivo-adjunto