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O Sporting é um baluarte do desporto nacional. Destrui-lo é atentar contra grande parte do desporto português. Tecnicamente falido, neste momento, qualquer solavanco pode ser fatal. O Sporting para não morrer necessita de gente séria, inteligente, arrojada que tome conta dele. Com consciência da situação crítica, com projecto ambicioso, sólido e factível, no plano técnico e financeiro, com dinheiro, com liderança capaz de reunir «a família verde». Não precisa de «queridos sportinguistas inflamados». Precisa de sportinguistas com o clube no coração, mas com a realidade presente na «cabeça». Sócios e adeptos serão sempre a «alma» do clube, mas a estrutura física, terá de ser o clube- empresa (chame-se SAD ou o que se quiser) para ser o suporte financeiro e económico para competir nesta indústria e negócio. O Sporting é ainda uma grande colectividade eclética. Mas o futebol terá de ser a alavanca da grande sustentabilidade da «marca». Mas parece que isto nem os Bancos ainda perceberam. Preferem, talvez, esperar pela liquidação da penhora dos terrenos de Alvalade convertido em imobiliário rentável.
O futebol do Sporting é uma «morgue» desportiva. Não tem «ases», é verdade, para competir com o Benfica ou o Porto. Mas tem jogadores para fazer frente a um Naval, um Paços de Ferreira, um Guimarães que jogam muito melhor e o vencem, em pleno Alvalade.
Bettencourt, inesperadamente, foi um estrondoso falhanço. Mas o Sporting há muitos anos é um desastre na gestão financeira e desportiva. Há anos «vende» o programa do equilíbrio financeiro. Sem futebol ganhador o equilíbrio financeiro é bancarrota anunciada. E sucessivamente surgem os fáceis «bodes expiatórios» e «salvadores» às carradas.
A Academia, visão correcta de um futuro, nunca conseguiu consolidar os seus frutos. Na sofreguidão de realizar dinheiro, num clube sem sustentabilidade financeira, nem Ronaldo, nem Nani, nem Quaresma, nem Simão, nem Moutinho, nem Martins, vestiram a camisola, por um tempo possível de credibilizar o projecto. Para ter «cantera» com frutos é preciso ter capacidade financeira no clube e no país. (Veja-se o caso do Barcelona). Nos selecionados de ontem contra a Argentina, oito eram da «academia verde». Os grandes craques não resistem aos contratos de quem paga três vezes mais. Muito menos querem permanecer numa equipa que nunca ganha títulos.
Quem não quiser matar o Sporting tenha juízo e cabeça fria. Porventura, reflexo e refluxo do estado do país, era importante que o Sporting não «morresse».