Há quatro anos, fez-se um apelo neste espaço. Quase como a lançar um desejo para um novo ano. Apelava-se ao leitor para que não trocasse um abraço por um like.
Corpo do artigo
Por essa altura, as redes sociais andavam já agitadas e vimos, na prática, como os nossos dados pessoais tinham, e continuam a ter, um valor precioso. Uma empresa norte-americana usou 50 milhões de perfis para ajudar Donald Trump a sentar-se na Casa Branca. O escândalo passou, Mark Zuckerberg mudou o nome do Facebook para Meta e lançou-se no mundo dos avatares, à procura de novas conexões e negócios digitais.
Mas ainda nos sentíamos mais ou menos seguros. E o apelo significava que, na época festiva, era importante recuperar o abraço físico, face ao tempo despendido neste mundo virtual.
Passaram uns anos. Os algoritmos que vendem a ilusão de felicidade estão cada vez mais mercantilistas e politizados e os donos daquilo tudo cada vez com mais dinheiro e menos bom senso.
Hoje, não trocar um abraço por um like continua a fazer sentido. Não só pela liberdade incerta de o poder dar, mas, sobretudo, porque o Mundo, onde parecer é mais importante do que ser, está muito estranho e liderado por pessoas mais estranhas ainda.
Ora porque expulsam gente, jornalistas incluídos, sem razões que o justifiquem. Ora porque reabrem as portas a quem as teve fechadas, presidentes incluídos, também sem razões que o justifiquem. No Twitter ou noutro lado. Só porque podem.
Como também podem vigiar ativistas dos direitos humanos, quando não os conseguem prender apenas pela publicação de um post. Entrar em contas pessoais de pessoas mortas. Remexer e vasculhar tudo, como tem acontecido no Irão.
Os donos daquilo tudo ou lideram instituições inseguras ou são coniventes com interesses e agendas obscuras. Sob o olhar atento dos legisladores da Europa e dos EUA que, além de defender as instituições, têm de proteger os seus cidadãos. E não o têm feito com a robustez e celeridade necessárias.
Diretor-adjunto