Os nomes contam muito. Sei do que estou a falar pois andava entre o fim da Primária e o início do Liceu quando um fabricante de "pet food" achou boa ideia usar o meu apelido como marca de comida para cães, e, como se isso não bastasse, num dos anúncios mais populares da RTP, os dois principais atributos da boa família tradicional portuguesa eram ter ações da Torralta e um cão chamado Fiel. Sofri um bocado, mas é em momentos como este, em que basta uma pessoa chamar-se Espírito Santo (mesmo que seja do ramo das camionetas) para ficar logo à partida excluído dos próximos órgãos sociais do BES, que dou o devido valor ao meu apelido - e mesmo sabendo que já não tenho a mínima hipótese de chegar a banqueiro (hão de concordar que Banco Fiel seria uma marca poderosa) ainda alimento a remota esperança de realizar esse velho sonho numa outra encarnação.
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Os nomes, em particular os apelidos, contam muito. Não me parece, por exemplo, que chamar-se Camelo ajude o presidente socialista da Câmara de Seia a aspirar a mais altos voos na política nacional. Assim sendo, perdoar-me-ão por iniciar pela questão dos nomes uma série de três crónicas dedicadas à análise comparada de prós e contras de Seguro e Costa.
António Costa é uma marca vulgar, que o presidente da Câmara de Lisboa partilha com o diretor do "Diário Económico", e é quase tão comum como a de Fernando Gomes (Qual? O bibota, o ex-presidente da Câmara ou o líder da FPF?). Mas a verdade é que ter um nome muito frequente na lista telefónica não impediu Mário Soares de ser quem foi.
Acresce que Costa e Soares são apelidos mais fáceis de converter em substantivo, para efeito da designação da legião de seguidores (costistas, soaristas), do que o de António José Seguro. Seguristas não dá jeito nenhum, pois não?
Costa e Seguro partilham o António, mas a partir divergem, num claro comportamento estrábico. O líder usa dois nomes próprios antes do apelido, o que o deveria favorecer por vias do suplemento de dignidade, pompa e credibilidade que é sempre emprestado ao seu portador por uma marca com três nomes (Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão, Pedro Passos Coelho, etc.). Mas o efeito benéfico de toda esta "gravitas" é aniquilado pela contração do António José em Tozé, que atira a imagem do secretário-geral para os tempos em que era o imberbe líder da JS.
Seguro seria um magnífico apelido se rimasse com a perceção que a generalidade das pessoas têm dele, o que, infelizmente, não corresponde à verdade no caso do nosso Tozé, que tem aguentado com garbo as piadas e trocadilhos fáceis alusivos à sua alegada insegurança.
Resumindo e baralhando. No capítulo dos nomes, o aspirante está em vantagem sobre o incumbente. O primeiro parcial é Costa, 1-Seguro, 0. Chegado a esta conclusão, para manter a imparcialidade e contribuir para o equilíbrio da corrida, desafiei colegas do JN a inventarem um slogan de resposta ao "É do Costa que o povo gosta". Ganhou a Hermana Cruz com um genial "Não votes no escuro, vota Seguro". Aqui fica o nosso primeiro contributo desinteressado para as primárias socialistas.