Gritem por aí que há mulheres que morrem porque são confundidas com coisas, possessões que se pegam pelos cabelos e se arrastam para a sarjeta. Obrigadas a deixar-se humilhar e maltratar, por amor e por medo, por amor aos filhos, por medo de não poder amar os filhos.
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Que se diminuem às mãos monstruosas que as aleijam, dias e anos, que têm de se calar contra as vozes que as insultam e submetem, todos os dias, todos os anos. Que resistem e não desistem, até que a resistência não resiste à violência bruta, ao embrutecimento silenciado por uns, perdoado por outros e permitido por todos. ´
O amor não é isto, é preciso que todos gritem por aí, que o respeito é generoso, que o amor é confiança e segurança, que o amor não é domínio nem controlo, é antes vontade incontrolável de sermos iguais.
É preciso gritar por aí, para que deixe de haver atenuantes e situações atendíveis, desculpas e circunstâncias que desculpam as consciências dos que perdoam e não fazem justiça, só justificam.
Gritem e não se calem. Pelos nossos filhos, pelas nossas filhas.
*Jornalista