Vivemos num mundo de contrastes. Vimos a imagem dramática do naufrágio de refugiados no sul da Grécia. O barco teria centenas de migrantes a bordo que partiram com esperança de chegar a Itália.
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Não esquecemos a criança retirada pela polícia numa praia turca, que se afogou sem nunca chegar à Europa para crescer feliz e em paz.
Estas pessoas estão a ser esquecidas e deixadas no mar à sua sorte. São chocantes os números de homens, mulheres e crianças que morrem, no Mediterrâneo, em busca de uma vida melhor. E por trás de cada número, a história de um sonho transformado em tragédia. Fogem à morte nos seus países e acabam por morrer sem qualquer colete salva-vidas.
Também estamos a assistir aos recursos mobilizados para salvar cinco pessoas a bordo de um submarino turístico, numa viagem de observação ao naufrágio do Titanic. Parece que os erros do passado se repetem com o irónico Titan.
Símbolo de megalomania e de imprudência, a história do Titanic confronta-nos com lições que a humanidade já devia ter aprendido. Porém, estas histórias contrastantes, num curto espaço de tempo, fazem-nos refletir sobre o próprio naufrágio da humanidade.
A negligência e a falta de apoio a quem precisa de ajuda contrastam com a concentração de riqueza e a ausência de empatia. Uns, fascinados pelo futuro, cegos pela ostentação e pelo poder. Outros, sem direito ao futuro e à dignidade humana, em iminente risco de morte, reféns de conflitos armados e crises climáticas.
Temos de agir de forma ágil, coordenada e comprometida, sob pena de naufragarmos coletivamente. O destino destas histórias mostra-nos que todos, independentemente da condição socioeconómica e do local onde nasceram, não escaparam à tragédia.