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Nos últimos tempos, tivemos a cena de pancadaria no 25 de Abril ali ao pé do Rossio com membros do partido Ergue-te e a agressão ao ator do teatro A Barraca no feriado do 10 de Junho por membros de coletivos de extrema-direita. Pode-se dizer muita coisa dos fascistas, mas se há coisas em que eles são organizados é na sua preferência por agredir aos feriados. De qualquer maneira, não deixa de ser uma altura péssima para um neonazi andar a cometer crimes, dado que este sol não está para brincadeiras. Para além dos estudos que saíram esta semana que indicam que desde 2020 houve um aumento de mais de 200% de crimes de incitamento ao ódio e à violência, os números das urgências por insolação também devem ter subido imenso este ano porque é malta que usa muito a cabeça rapada e cheira-me que não reforcem o protetor 50+ porque passar creme é capaz de ser um bocado maricas. E já sem falar do efeito que a exposição solar tem no resto da pele, é capaz de andar a esborratar bastantes suásticas e depois andam na rua e enervam-se porque as pessoas ficam a achar que aquilo é um golfinho.
As redes sociais são palco deste clima de violência e de ódio muito devido à propagação de notícias falsas, oriundas de sites duvidosos e partilhadas intencionalmente até por deputados da nação e, de repente, é sábado à noite e estou a convencer os meus pais de que é impossível que a Mariana Mortágua pague 600€ por mês no Holmes Place porque nem na mensalidade mais cara, com o extra de contratar um personal trainer para fazer o treino por nós enquanto vamos comer empadas para o bar do ginásio, seria possível gastar 600 paus. “Ah, mas vi no Facebook”. Não é verdade! E de repente sou o Bernardo Ferrão da minha família. É muito desgastante, mas alguém tem de o fazer. Uma vez, a minha mãe teve uma conversa privada com a minha tia no seu mural porque achou que estava no chat do Facebook e da outra vez tive de a chamar à atenção porque reagiu à morte do Quim do talho com um smile a chorar a rir porque “então, o boneco não está a chorar? Para além disto, as redes sociais também são ótimas para recrutamento de pessoas para estes grupos obscuros. Prova disso é a notícia desta semana que nos disse que a Polícia Judiciária deteve meia dúzia de neonazis que pretendiam criar uma milícia armada e que se organizavam em grupos no Facebook. Também foi revelado esta semana que o pai da deputada do Chega Rita Matias andava por lá, o que mais uma vez prova que os pais não sabem usar redes sociais.
Mas, bom, como tive algum tempo livre, achei boa ideia ir ao próprio Facebook ver reações à notícia sobre estes dados da Justiça que referem este aumento do discurso de ódio e gostava de destacar os comentários de três utilizadores do Facebook que infelizmente já não vão a tempo de entrar no estudo. O Tiago Gonçalves, que comentou: “Não vamos deixar cair por terra o trabalho de dom Afonso Henriques. Contra essa escumalha, marchar, marchar”; O do sereno Paulo Silva: “É sinal que existem pessoas que são patriotas. “E o meu favorito de todos, o do Fernando Pinho, que elaborou um brilhante raciocínio: “A realidade é que quase todo o aumento de criminalidade se deve ao pessoal da extrema-direita que diz que a criminalidade se deve aos imigrantes. Eles não deixam de ter razão, se não houvesse imigrantes, nem pessoas de raça não branca, nem gays e LGBT, nem ateus, nem muçulmanos, e mais uns quantos, eles não tinham quem agredir”.